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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Meu dia de sorte



A manhã estava leve, parecia suspensa no ar. Eu sabia que alguma coisa estava para acontecer. Alguma coisa realmente muito boa. Quando saí de casa em direção ao colégio pensei que talvez você não fosse ao passeio e, por alguns segundos me distraí pensando em como dependo disso para que meu dia seja ótimo. A oportunidade é excelente, porque teremos só o professor Claudio como responsável e ele não é o que podemos chamar de uma pessoa atenta. Que sorte a Diretora Hélvia não poder ir. Agora sei que tenho uma chance de me declarar! Se você soubesse... desde a primeira vez que te vi senti que não suportaria outra realidade que não fosse ver o mundo refletido em suas pupilas. A maneira inebriante como balança seus cabelos, como anda ritmada, seu sorriso de dentes perfeitamente enfileirados, tudo isso se tornou imprescindível para a minha sobrevivência. Então repassei mais uma vez o plano do que eu diria. Entretanto, você foi e eu não pude falar nada. As mãos suando, a pálpebra esquerda fazendo movimentos involuntários, a noite insone me deixou com olheiras de panda e eu tive certeza de que gaguejaria. Como poderia convencê-la de que sou o cara certo para você se não passo de um amontoado de insegurança e caos? Sua perfeição me intimida. Sou um adolescente idiota e você é minha “deusa coroada”. Não posso me declarar, isso não tem a menor chance de dar certo.

Acabou o passeio, chegamos à escola e, daqui a pouco iremos para casa. Fracassado, sentei-me na quadra para esperar um pouco o ponto de ônibus esvaziar. De repente, mãos suaves cobriram meus olhos e eu percebi de quem eram pelo perfume adocicado que as acompanhava.

- Catarina? – as mãos me deixaram e eu ouvi uma risada musical.

- Esperei que você ficasse sozinho durante todo o dia. Preciso falar contigo, Caio...

Não disse que alguma coisa realmente boa aconteceria hoje?! 

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