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sábado, 31 de dezembro de 2011

A Favorita












Fui eleita, entre todas,
preferida dum senhor,
tinha coroa e vestido,
anel, cetro e louvor.
As outras até tentaram
inutilmente alcançar
as graças que possuíam
meus passos ao caminhar.
Meu vestido pesava
trinta quilos de ouro,
eu carregava perfumes
nas minhas botas de couro.
As tranças dos meus cabelos
eram longas e fortes,
tocavam meus tornozelos
e ao meu rei davam sorte.
Fui posta ao lado dele,
a sua esquerda fiquei,
bem perto do coração
do meu nobre e bondoso rei.
Do alto eu podia ver
os olhares que lançavam
as que ficaram para trás
e que jamais me alcançaram.
Por lutas passei, com certeza,
que provaram meu valor,
e aos olhos atentos do rei
tornei-me seu premio maior.
Aos poucos ocupei o lugar
de outras mil concorrentes,
e mais de uma vez me disseram
que o rei nunca fora assim antes,
tão bom, compassivo e feliz,
tão certo de dias melhores,
cansado das guerras sem fim,
sensível a outras dores.
Tudo foi bom por um tempo
que parecia sem fim,
mas nada dura para sempre
e tinha que ser assim.
Quando num golpe fatal
desses que não esperamos
fui obrigada a ficar
longe do rei por uns anos,
A alegria, a paz,
e a certeza do amor,
foram deixadas para trás,
bem longe do meu senhor.
Não havia consolo
para o coração real
que desistiu de lutar
contra o destino fatal.
O meu rei dormiu para sempre,
mas até o último instante
fui a sua escolhida,
e isso para mim é o bastante.

Um comentário:

  1. Parabéns Flávia Marques!
    Um blog fantástico, repleto de qualidade!
    Um futuro promissor nestas andanças...
    Beijinhos.

    VOAR NA POESIA
    vitor viana

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