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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Amor de Sobremesa






Pelas ruas calçadas e desertas da pequena cidade de Tornados, ouvir o trotar de cavalos às duas da manhã é sinal de doença, e das graves. Dona Fernanda Pinot mandara chamar o doutor para ajudá-la numa das muitas crises que o marido passou a ter depois do acidente há alguns anos. Adamastor Pinot, o marido de Dona Fernanda, caiu de seu cavalo enquanto caçava em suas terras no feriado da Independência.


Depois do acidente, o senhor Pinot ficou completamente impossibilitado de andar, dependendo tão somente dos cuidados da esposa dedicada. De tempos em tempos, o homem sentia dores horríveis, das quais não se podia crer que sairia vivo. Dona Fernanda mandava vir o Doutor Eduardo, que apaziguava a crise com seus segredos de médico da cidade.


 - Doutor Eduardo, o senhor precisa ajudar meu marido. Ele não vai aguentar se continuar a sofrer desse jeito – suplicava Fernanda, aos prantos.


- Acalme-se Fernanda! Farei o Adamastor dormir, e quando acordar a dor já terá ido embora.


- Ah Doutor, faça isso! O sofrimento de meu marido é para mim pior que qualquer outra dor que eu sinta. O senhor não entenderá jamais o motivo de minha angústia, mas eu não posso ouvi-lo sofrer. Seus gritos me buscam onde estiver, acompanham meus sonhos, é um tormento o que acontece nesta casa. Veja o senhor que Santinha, minha empregada há tantos anos, deixou-nos por não suportar a gritaria desse infeliz.


- Acalme-se Fernanda! Não precisamos de uma crise de nervos aqui. Vá dormir que eu ficarei com Adamastor até amanhecer.


- Tem certeza, Eduardo?


- Tenho sim. Vá, minha querida, durma enquanto cuido de meu amigo.


Dona Fernanda recolheu-se, mas não pode dormir. Sua vida resumia-se a acompanhar o marido em sua convalescença, mas é certo que não fora sempre assim. Chamava-se Fernanda Gonçalves quando solteira, e fora o primeiro nome que ocorria aos pais que desejavam casar seus filhos nas redondezas de Tornados. Ainda agora conservava a beleza adolescente, e debaixo de suas roupas severas havia um corpo mal tocado pelo amor, que emanava um calor luxuriante quando não se guardava certa distância dele. Havia nela toda uma beleza selvagem, que contrastava com sua educação aristocrática e seus modos de princesa. Enamorou-se de Eduardo quando ainda eram crianças e, embalados pelos ventos vespertinos no balanço atrás da casa de Fernanda, prometeram amor eterno, ignorando que os planos do Senhor Gonçalves para a filha já haviam sido traçados. Quando soube que o pai dera a palavra a Doutor Luís Pinot de que a casaria com Adamastor, a menina tentou fugir com Eduardo. Foram capturados no trem para Cabiceira do Rio Seco horas depois. Fernanda voltou para casa, e passou trancafiada em seu quarto até o dia do casamento; Eduardo foi devolvido ao pai com o seguinte aviso do senhor Gonçalves:



- Medeiros, quero que saibas que muito me custou não meter uma bala na cara desse rapazote, e minha consideração se deve à amizade de tantos anos que tenho contigo. Felizmente, seu menino soube respeitar a honra de minha filha, de modo que só te peço que me poupes do desgosto de vê-lo novamente enquanto viver. Se respeitar meu desejo, terá de mim a garantia de que não tocarei em um fio de cabelo desse irresponsável.


Eduardo foi mandado à Paris para estudar ainda naquela semana. Só voltou dez anos depois, quando a geração dos Coronéis já havia dado espaço para os doutores formados na Europa. O único remanescente era Adamastor Pinot, que ele encontrara já prostrado na cama, vítima do acidente fatídico. Soube pelos velhos amigos que Adamastor ficara paralítico no segundo ano de casado e, que muitos acreditavam não ter sido um acidente.


 - Por que alguém levantaria uma suspeita dessas? – perguntou Eduardo.



- Conversa de bêbados! - disse o dono do bar onde estavam - Acho melhor vocês irem. Já beberam demais.

Duas semanas depois de sua chegada, Doutor Eduardo recebeu a visita de um empregado da fazenda Pinot à hora do jantar. Era um rapaz magrinho, com olhos grandes e vazios, e com fama de poucas palavras; carregava nas mãos um bilhete que entregou ao Doutor. Eduardo abriu e reconheceu imediatamente a letra de Fernanda: “Preciso que venhas. Traga sua maleta.” Quando chegou à casa da antiga namorada recebeu indicações de subir ao quarto principal, onde encontrou Fernanda sentada em uma cadeira francesa, com uma camisola branca que realçava sua pele morena e o contorno perfeito de seu corpo. Por alguns instantes, Eduardo não soube o que fazer, e precisou que Fernanda o mandasse fechar a porta para voltar a pensar no inusitado da situação.


- Não aguento mais Eduardo – disse a mulher – Se ao menos você nunca tivesse voltado eu poderia suportar a vida solitária que tenho, mas desde o dia em que eu soube de sua chegada não pude mais dormir ou comer sem pensar no quanto esperei secretamente por uma nova oportunidade de te ver de novo. Sei que não devemos, mas cansei de ser prudente. Como você já deve saber, meu marido está inutilizado há anos e minha única função desde o acidente tem sido a de enfermeira. Sinto-me sufocada e infeliz, sinto sua falta.


 - Imagino que seja difícil para você, mas eu não poderia me aproveitar de uma situação como essa. Você está nervosa e cansada, não está pensando direito. Vai se arrepender amanhã e me culpar por não ter te respeitado. Além do mais, as pessoas vão saber e sua reputação será comprometida. A minha presença aqui hoje talvez possa ser entendida como uma visita de médico fez bem em me mandar trazer a maleta...


.- Não ouse me rejeitar Eduardo. Por que me humilhas dessa maneira? Não me amas?


- Claro que amo! Você não entende? Será o nosso fim termos um caso, acabaremos com tudo o que sentimos durante todo esse tempo. E quando as pessoas ficarem sabendo...


- Não me importo! Por favor, não me faça implorar!


- Você sabe o quanto me é difícil dizer não, mas não tenho escolha. Eu seria o pior dos homens se me aproveitasse de uma situação como essas.


- Não é justo! Fomos separados contra nossa vontade! Se eu estivesse com você teria um marido agora, e não um inválido que só me dá trabalho e que nem era melhor antes do acidente...


- Chega Fernanda! Não vê que o que está dizendo é injusto! Se tivéssemos ficado juntos talvez eu estivesse naquela cama agora, e você estaria farta de mim!


- Saia Eduardo. É melhor que você vá agora.


Na manhã seguinte, com roupa de domingo e véu sobre a cabeça, Fernanda apareceu no sobrado velho dos Medeiros para se desculpar pelo descontrole com Eduardo. O Doutor recebeu-a com o mesmo amor de sempre, e o mesmo respeito.


- Eduardo, só vou acreditar que você me perdoou se aceitares ser o médico de Adamastor de agora em diante. Passemos uma borracha sobre a noite de ontem e sejamos amigos. Preciso de você ao meu lado para tentar reverter a situação de meu marido. O que me dizes?


- E o Doutor Saldanha?


- O que o Saldanha poderia fazer por meu marido já fez. Ele não possui seus conhecimentos modernos em medicina. Enterrou-se nesta cidade há mais de quarenta anos e não aprendeu mais nada. O caso de Adamastor requer um médico moderno. Quanto mais tempo ele passa sobre aquela cama, mais difícil se torna sua recuperação. Gostaria ao menos que suas crises se tornassem mais espaçadas. Seria um alívio. Por favor...


- Tudo bem, Fernanda. Não posso me esquivar de ajudar quando sou convocado com tanta insistência.


- Agora sou inoportuna também.


- Não. Só fiz uma piada sem graça.


- Quando começaremos o tratamento?


- Posso passar em sua casa depois do almoço se não for incômodo.


- Incômodo algum. Até mais tarde.


Assim Eduardo passou a ser o médico particular de Adamastor Pinot, e Fernanda conseguiu manter por perto o homem que amava, e do qual não conseguiria nunca mais manter distância novamente.



     Passaram-se meses até que Fernanda conseguisse novamente um momento a sós com Eduardo. Foi na noite que Eduardo foi chamado às pressas para socorrer Adamastor numa crise que parecia que seria a última. Fernanda lançou mão da fragilidade feminina para manter Eduardo próximo demais para resistir. O médico não pode suportar o perfume da amada, uma mistura estranha de sedução e inocência, que deixou seus sentidos confusos e fez com que respondesse pelos instintos. Foi levado por ela até o quarto que pertencera ao pai de Adamastor, e ali, entre fotografias dos homens mais notáveis de Tornados, entregaram-se a um amor urgente e proibido. Para surpresa de Eduardo, depois desse dia não pode mais suportar a distância do corpo de Fernanda, e deu adeus ao homem prudente que sempre fora, para tornar-se um desconhecido para si mesmo. Todas as tardes, depois do almoço, recolhiam-se a vista de todos os empregados da fazenda, para qualquer lugar onde pudessem estar em paz durante horas até que o cansaço os obrigasse a voltar ao convívio de outras pessoas. Logo, a notícia de que os antigos namorados haviam tornado-se amantes espalhou-se pela cidade como uma doença contagiosa, e começou a fazer estragos na vida de ambos. Fernanda não saía de casa, mas Eduardo era apontado nas ruas como um cúmplice da desgraça que se abatera sobre o Senhor Pinot, mesmo sendo impossível que tivesse feito qualquer coisa diretamente. Morava na Europa à época, e para falar a verdade, quase nem se lembrava de Fernanda. Em pouco tempo Adamastor passou a ser o único paciente de Eduardo. Os moradores de Tornados se negavam a ser atendidos pelo jovem médico, mesmo sabendo de sua competência e da dedicação que tinha aos pacientes.


Eduardo passava as manhãs mergulhado em uma profunda melancolia, e quase não podia almoçar, tão ansioso que ficava pelo momento da sobremesa, que eram os beijos e o amor de sua Fernanda. À noite, quando voltava para a solidão da casa de seus pais, era novamente acometido por uma tristeza sem fim, e dormia entregue a sentimentos de culpa por estar sendo desleal com um homem indefeso e de adoração por Fernanda Pinot. Acordava de madrugada aos sobressaltos, apavorado com sonhos perturbadores de que havia dado fim a Adamastor, e de que Fernanda o agradecia enquanto o delegado os perseguia dando tiros em suas direções. Doutor Eduardo Medeiros sentia que o romance com Fernanda o empurrava para um abismo do qual não poderia escapar, mas já estava tão envolvido que não tinha forças para fugir daquela armadilha do destino. Não deveria ter aceitado a proposta de tornar-se médico pessoal de Adamastor Pinot, isso foi realmente um despropósito. Em seu íntimo já sabia que não resistiria a Fernanda desde o primeiro dia em que foi chamado à fazenda. A visão daquela mulher de camisola branca com a pele brilhando a luz da lua ficou impressa na memória de Eduardo até o último de seus dias. Chegou a acreditar inclusive que era uma provocação da senhora Pinot que logo após aquele incidente constrangedor, ela tivesse demonstrado mais dedicação ainda ao marido, chegando à beira de um ataque de nervos. Depois, pensou que talvez fosse culpa, mas estava errado em ambos os casos.


Na verdade, ele não percebera o quanto Fernanda ficava alterada com a presença de Teobaldo, o capataz da fazenda, e não teria notado, não fosse ter escutado uma conversa entre Teobaldo e Fernanda que o deixou desconfiado. Numa manhã de primavera, como acordasse mais romântico, foi ao encontro da amada antes da hora costumeira. Encontrou-a em companhia do empregado, e mesmo não sendo um hábito seu, resolveu escutar o que falavam.


- Você está passando dos limites Fernanda. Suportei seus amantes com paciência, acreditando em sua promessa de que se cansaria deles e voltaria para mim. Esse doutor já está há tempo demais em nossas vidas e eu não estou gostando disso.


- Teobaldo, infelizmente dessa vez é um pouco diferente. Amo Eduardo e não posso continuar com o que havia entre nós.


- Sua miserável! Mulher tola! Acha que eu permitirei que escolhas outro? Já se esqueceu do que fiz por você?


- O que você fez? Deixou Adamastor inválido! Muito obrigada! Passei todos esses anos cuidando de meu marido quando deveria estar viúva. Aquele homem passou os dois anos de casamento me surrando e traindo com todas as mulheres da cidade. Agora estou condenada a ser sua enfermeira por um tempo que parece que vai ser longo. Não estou livre para continuar minha vida, e ainda estou sendo chantageada! Você não entende? Eu estava com raiva aquele dia, não era para você tomar minhas palavras como ordem e tentar matar Adamastor. Seu imbecil! Não digo que lamentaria sua morte, mas agora sinto até pena do infeliz! E você é o responsável por minha desgraça. O que havia entre nós acabou quando Doutor Eduardo Medeiros voltou para a cidade. Coloque-se no seu lugar!


- Nunca! Vou matar aquele doutorzinho e você será minha novamente.


- Não! Não faça nada contra ele. Chega! Não suporto mais. Você venceu. Hoje mesmo terminarei tudo e as coisas voltarão a ser como eram antes. Você tem minha palavra.


- Esperarei até amanhã pela manhã. Nem mais um dia. Falhei com Adamastor porque não o matei com minhas próprias mãos, preferi desafivelar a sela do cavalo que ele usaria pensando que o tombo seria fatal. Mas esse médico empoado eu terei o prazer de rasgar com meu facão. Estarei olhando para seus olhos esbugalhados enquanto sua vida estiver deixando seu corpo. Você não imagina do que sou capaz mulher.


- Imagino sim. Fique tranquilo, amanhã você me terá de volta.




Eduardo quase não pode acreditar no que escutara. O que ele faria sem Fernanda? E que tipo de mulher ela era na verdade? Uma coisa ele tinha certeza, não poderia deixá-la. Voltou para a casa principal pensando num plano eficaz, mas todos os que lhe ocorreram implicavam em derramamento de sangue. Encontrou Fernanda sentada junto ao marido.


- Você aqui a essa hora? Que surpresa!


- Precisava vir. Podemos conversar em particular?


- Claro. Acompanhe-me.


Fernanda levou Eduardo até a biblioteca, e o homem percebeu que ela havia chorado.


- Foi bom que tivesse vindo. Preciso falar com você.


- Não diga nada. Tenho uma proposta para te fazer. Permita-me passar essa noite contigo, amanhã pela manhã irei embora definitivamente se você assim desejar.


- Como sabe que eu...?!


- Não importa. O que me dizes? Uma despedida?


- Sim. Não poderia negar uma noite com o homem de minha vida.


- Então cuidemos de Adamastor. Mais tarde irei com você para seu quarto e teremos a noite toda para nós.


E assim foi. Fernanda entregou-se a Eduardo com violência e paixão, certa de que seria a última vez que estaria nos braços do único homem que conquistou seu coração. Tentou ficar acordada o máximo que pode para aproveitar todo o tempo possível, mas o amante garantiu que a acordaria antes de partir e ela adormeceu em seus braços. Quando acordou o dia já ia alto e desesperou-se ao perceber que Eduardo ainda estava ao seu lado, sentado, observando-a dormir.


- Você precisa ir.


- Não preciso não. Primeiro vamos tomar um café com todos os casais fazem.


- Não Eduardo...


- Senhora. Senhora Fernanda. Senhora atenda. É urgente! – chamou a criada, enquanto Fernanda levantava aos pulos.


- Estão batendo a porta Eduardo. Rápido, passe para o aposento contíguo.


Eduardo se levantou e foi para o outro quarto, onde Adamastor ainda dormia. Fernanda abriu a porta assustada.


- Você não sabe que não suporto ser incomodada pela manhã? Espero que tenha um bom motivo.


- Isso a senhora dirá. Teobaldo foi encontrado no estábulo hoje pela manhã...


- O que tem demais, ele dorme lá quando bebe. Deve estar de pileque Matilda! Agora eu terei que cuidar da ressaca dos empregados? Mande o Zé jogar um balde de água fria no infeliz e me deixe em paz.


- A senhora não entendeu, Teobaldo foi encontrado morto.


- Morto?! O que você está dizendo? Como?


- Não sabemos ainda. Não há marcas nem sangue, parece que teve um ataque.


- Avise para ninguém mexer no corpo. Doutor Eduardo dormiu com Adamastor. Irei chamá-lo. Já estamos descendo.


Fernanda foi ao quarto e avisou a Eduardo que foi até o corpo e constatou que o homem havia morrido do coração. Chamaram a polícia e passaram o dia ocupados com os preparativos para o enterro do homem. À noite, quando todos estavam de volta a casa o médico falou com Fernanda que ouviu a conversa entre ela e o empregado e que levantou de madrugada, aproveitou que o capataz dormia, e injetou nele uma substância que parou seu coração causando sua morte.


- Por que cometeu uma loucura dessas?


- Eu faria qualquer coisa para não ter que me separar de você Fernanda. Além do mais aquele homem havia dito que me mataria e eu não acreditei quando ele fingiu desistir. Era uma questão de sobrevivência.


- Eu te amo tanto!


- Eu sei querida. E agora não seremos mais importunados.


- Há uma coisa ainda...


- O que?


- Adamastor. Nunca poderemos ficar juntos de fato enquanto ele viver. E também é uma crueldade deixá-lo vivo com tanto sofrimento. Existe alguma maneira de por fim ao suplício desse homem sem levantar suspeitas?


- Sim, mas teremos que esperar um pouco. Seria imprudente outra morte agora. Diremos a todos que o senhor Pinot está com a saúde debilitada e eu virei morar aqui. Com o tempo a gente pensa na forma mais apropriada de resolve a questão. Certo?


- Certo. Eu sabia que você me entenderia.


- Qualquer coisa para te ver feliz, meu amor.


- Agora tenho esperanças de que seremos felizes.


Naquela tarde, o rapazinho calado que servira de mensageiro para Fernanda e Eduardo pediu para ter uma audiência com a patroa. Com a objetividade que lhe era comum, declarou que estava no estábulo quando Eduardo chegou e que tinha sido testemunha do assassinato de Teobaldo.


- O que você quer? – perguntou o médico.


- Dinheiro, claro. Ficarei em silêncio por um preço justo.


- Tudo bem. – disse Fernanda – Farei o que me pedes. Amanhã venha aqui neste mesmo horário.


Depois que o rapaz saiu satisfeito, Eduardo virou-se para Fernanda e disse:


- Teremos que adiar a partida do senhor Pinot. Dê ao rapaz o que ele pede para ganhar tempo, depois que tiverem se esquecido de Teobaldo eu cuido dele.


















segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Não diga que não avisei!




Não diga que não avisei!





Acho que sou muito fácil,
Mas todos dizem que não;
Gosto das coisas de um jeito
Que não tem explicação.
Não adianta um caderno
Com tudo tin tin por tin tin,
Que as regras dos outros
Não funcionam pra mim
Você pode até pensar
Que foi falta de castigo,
Mas meus pais fizeram tudo
O que sabiam comigo.
A língua é bem afiada,
Mas o coração é bom;
Se me tratar com carinho
Sou mais doce que bombom.
Não me ofereça presunto,
manga, quiabo e jiló;
Jaca também não me desce,
Não há uma lista pior.
Se quiser me agradar
É mais fácil que a crianças,
Me dê papel e caneta
E me encha de esperanças.
Só não tente provocar
Minha parte irritadinha
Ou você vai preferir
Beijar um galo de rinha.
Estou dizendo isso tudo
Para não ouvir qualquer dia
Que você dormiu com brisa
E acordou com ventania.
Não te prometo um amor
Que a gente vê em novela,
Ofereço a realidade
E o que vier com ela.
Há dias que vou te querer
Em outros irei me isolar,
Mas se tiver paciência
Apesar da aparente ausência
E de tanta incoerência
Eu volto a te procurar.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Soneto da Desesperança








Espero, espero, mas é tudo em vão.
Por que será que fico assim, tão triste?
Por que será que essa tristeza insiste(em)
Atormentar meu pobre coração?

De companheira, tenho a solidão,
Tomando o corpo que já não resiste;
Aquele mesmo que tu seduzistes
E que deixastes sem consolação.

Toda essa dor que transborda em minh'alma,
Que, aos poucos, vai levando minha calma,
É meu castigo por te desejar...

E trago no peito a desesperança
De estar tão perto do que não se alcança,
Como uma sombra a te acompanhar.